sábado, 16 de novembro de 2013

Capítulo 4.5


   Após retornar ao Centro Pokémon, Nate colocou seu novo Hoothoot, Ícaro, em uma Pokébola e Leon em sua própria cápsula, deixando-o descansar após a derrota. No dia seguinte podia pedir que a enfermeira Joy cuidasse dele, e assim que o efeito da Hypnosis desaparecesse, o Pokémon perceberia que havia perdido outra vez. Nate tinha que contar com Ícaro para treiná-lo e ajudá-lo nessa questão; ainda haveriam muitas derrotas até alcançarem o topo. O Cyndaquil precisava não só de treinamento físico, como também psicológico.
   O rapaz tentou dormir, mas não teve sucesso. Já tinha imaginado que seria difícil depois do sonho anterior. Passou a encarar o teto, livrando sua mente de qualquer pensamento importuno. Até que ele virou a cabeça involuntariamente na direção da parede e abriu um sorriso travesso. O quarto de Lyra ficava naquele lado...
   Se ele não conseguia dormir, então ela também não conseguiria!
   A criança dentro de si o fez sair de seu quarto para bater na porta ao lado. Lyra não respondeu de imediato, o que obrigou Nate bater outra vez. Então finalmente Lyra respondeu, com uma voz sonolenta:
   - Quem é?
   - Seu amigo chato e infantil. Pode atender?
   A garota abriu a porta claramente contra sua vontade. Vestia seu pijama, o cabelo estava solto e parecia ter sido penteado com as mãos à pressa. Ela tinha um olhar sonolento e antipático, mas aquilo só fazia Nate rir ainda mais.
   - O que você quer? - Perguntou ela.
   - Passar um tempo com a minha querida amiga! Precisa ser tão antipática?
   Lyra suspirou. Não conseguiria ser grossa com o rapaz e expulsá-lo dali, sua personalidade não permitia.
   - Tá legal, entra. 
   Nate adentrou no quarto ainda sorrindo e deitou-se na cama da garota, colocando os braços atrás da cabeça.
  - Você veio aqui pra deitar? - Disse ela.
  - Não. Quero conversar - respondeu.
  Lyra sentou-se na beirada da cama, ainda esfregando os olhos na tentativa de despertar. Olhou para seu amigo, esperando ver o rapaz sorrindo e relaxando de olhos fechados; mas ao invés disso viu uma expressão aflita, um tanto triste. 
   - Nate, o que aconteceu? - Preocupou-se.
   - Nada. É só... - Hesitou. - Não é nada de mais, sério.
   - Você não me engana - disse Lyra, de maneira doce.
   Nate se viu pressionado por aquele par de olhos serenos e gentis, e mesmo que Lyra não tenha realmente insistido, ele decidiu contar de uma vez. Continuou deitado e encarou o teto.
   - Tive um pesadelo hoje.
   A jovem teve vontade de perguntar como fora esse pesadelo, curiosa, mas resolveu ficar quieta. Nem precisou pedir para que Nate começasse a contar.

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tarde estava bem ensolarada, no belo céu azul havia poucas nuvens, e ainda podia se sentir uma brisa refrescante. Era um dia perfeito para se passar na praia, passar um tempo com o filho.
   Um cidadão da pequena cidade de New Bark foi até Cherrygrove City com seu filho. Seria a segunda vez que o menino iria à praia. A criança estava mais animada que o pai, e sua alegria deixava o homem contente. Aquilo já valia todo o passeio.
   Mas o tempo fechou assim que eles chegaram lá. Ficou nublado, várias nuvens negras tomaram conta do céu como se anunciassem chuva, até mesmo o mar havia ficado mais escuro, e a brisa refrescante fora substituída por um vento gélido. Porém, os dois não pareceram se importar com isso, se é que perceberam a diferença. 
   Correram para a praia já com seus calções de banho, o menino carregando sua bola. Pai e filho começaram a brincar à beira do mar, até que, graças à um chute errado do homem, o brinquedo caiu na água e foi levado para o fundo do mar. Vendo a feição triste de seu filho, o mais velho disse:
   - Fique aqui, eu vou buscá-la.
   - Você vai nadar até lá, pai? 
   - Sim. Por quê?
   - A mamãe disse que não pode ir muito longe... Você pode se afogar...
  O homem bagunçou os cabelos do garoto carinhosamente, sorrindo.
   - É perigoso para você, que não sabe nadar. Mas eu sou o deus dos mares!  Posso nadar durante dias que nunca irei me afogar.
   - É sério?! - Admirou-se o garoto.
   - Sim, filhote. Não saia daqui, viu?
   Assim, o pai começou a nadar em direção à bola, que já desaparecia no horizonte. O menino ficou sentado na areia à espera do pai. Finalmente percebeu que esfriara de repente, e esfregou as mãos em seus braços na tentativa de se aquecer. Algumas gotas de chuva já começavam a cair e nada de seu pai.
   Então ele ouviu um grito, seguido de uma escuridão sem fim que tomara conta do cenário. Agora a criança estava sozinha ali. Seu pai, seu amigo, seu herói, havia desaparecido. 
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  Os dois permaneceram em silêncio, Nate tentando esquecer aquele pesadelo, Lyra absorvendo a tristeza do garoto. Conhecia bem a história da morte de seu pai, lembrava-se perfeitamente de como Nate ficara pra baixo quando soube de sua morte. Não sabia direito o que fazer para alegrá-lo, só sabia que precisava consolá-lo de alguma forma.
   Lentamente, deitou a cabeça sobre o peito do rapaz. O mesmo ficou corado, mas no fundo estava agradecido pelo gesto de carinho.
   - Pode procurar a mamãe sempre que tiver um pesadelo, viu? - Brincou Lyra.
   - Tá me chamando de criança? - Disse ele, rindo.
   - E estou mentindo?
   - Quer saber de uma coisa? Você é uma amiga muito chata, sai do meu quarto - brincou o garoto.
   - Nate, o quarto é meu.
   - ...Ah é.
   O rapaz se levantou e abriu a porta. Porém, antes de sair, se virou para Lyra.
   - Obrigado, Lyra. Você é uma amiga incrível. Eu estaria mijando na cama se você não estivesse aqui para me consolar.
   A garota corou, envergonhada, e resolveu cortar aquele clima sem graça deixado pela fala do rapaz.
   - Nossa... "Mijando". Coisa legal pra falar pra uma garota, né? Continue assim Nate, e todas as garotas do mundo vão cair aos seus pés!
   O garoto riu com a brincadeira da amiga, e depois de dar boa noite, voltou ao seu quarto para finalmente poder dormir tranquilamente. Desejava não ter nenhum outro sonho naquela noite, mas se tivesse, seria um sonho feliz. Se o pesadelo havia sido causado pela cena que vira na praia, aqueles minutos ao lado de Lyra lhe proporcionariam uma bela noite de sono. 

3 comentários:

  1. Mijando kkkkk essa foi boa, como ela disse todas as garotas vão cair aos pés dele mesmo kkkkk
    O capitulo ficou show, mas fiquei com dó da criança T^T tadinha dela...:'( Até eu teria acordado depois de um pesadelos destes!
    BEm até logo!!!e continue assim :D

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  2. kkkkk Mijando... Esse Nate é bem sem noção kkk
    E olha que foi só um sonho, imagina quando for revelado o que realmente aconteceu :( Mas tudo tem um lado bom, todas as histórias tem seus lados tristes e felizes :)
    Até mais Luiz, valeu pela participação!

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  3. Isa-chan, que capítulo pequeno, mas emocionante. Nate e Lyra são mesmo grandes amigos e parceiros nessa jornada.
    Fiquei intrigado com o passado do Nate, como deve ter sido a infância entre a morte do pai (mas acredito que o pai dele está vivo) e o início do treinamento com a Clair (ou será q foi um em seguida do outro?).
    Nate, não fale coisas como mijando, cagando e etc perto de uma garota delicada com a Lyra ou a maioria das garotas do mundo, ok? (E sim, eu ri com isso XD)
    Isa-chan, vou ler o próximo!

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