Capítulo 9

   Os quatro jovens finalmente adentravam o ginásio de Violet, para que Nate desafiasse Falkner na disputa por sua primeira insígnia. Depois de horas de treino com Duke, os jovens descansaram no Centro Pokémon e deixaram o desafio para o dia seguinte.
   - Fique calmo e lembre do que aprendeu - aconselhou o ruivo.
   - Pode deixar.
   Um homem os levou até as escadas que os levariam até o campo de batalha. Depois de alguns lances de escada, os quatro chegaram à arena. Era uma área bem espaçosa, uma brisa aconchegante e refrescante invadia a sala. Do outro lado da arena estava um homem de cabelos azulados descansado, apoiado em seu grande e formoso Pidgeot. Falkner sempre pareceu jovem demais para ser um líder, mesmo sendo do primeiro ginásio de Johto, pois de qualquer forma ele estava envolvido nos assuntos da Liga da região. Mesmo assim, Falkner se mostrava responsável e inteligente o suficiente para esse cargo.

   - Aí está meu afilhado preferido!
   - Você tem mais afilhados?
   - ...Não, mas isso não vem ao caso. - Falkner ergueu a mão para cima. - Aguardei ansioso por essa batalha desde o dia em que nos conhecemos! Você disse: "Quando eu crescer vou te desafiar para uma batalha, e vou vencer!"
   - Pode apostar que eu vou! - Exclamou Nate.
   O rapaz sacou uma de suas Pokébolas. Aquele era um dos Pokémons que ele usaria em sua primeira batalha de ginásio, então precisava confiar nele. No treino, ele batalhou contra o Spearow e o Mareep de Cris para formar estratégias e estreitar os laços com seu treinador.
   - Eu sempre admirei essa determinação - confessou o líder. - Mas você não pode vencer só com isso.
   - É por isso que nós treinamos.
   - Estou ansioso para ver o resultado do treinamento.
   Então, as paredes se abriram como uma porta de correr. No lugar das quatro paredes surgiram telas enormes que ocupavam os quatro lados, dando vista ao céu límpido de uma bela manhã. Os cidadãos de Violet notaram e foram para o topo de suas casas, aguardando o início da batalha.
   - Agora temos uma platéia! - Surpreendeu-se Nate. - Me sinto um cara bem famoso agora.
   Falkner lançou no campo de batalha um pequeno e valente Pidgey, o primeiro adversário de Nate.
   - E que os ventos abençoem essa batalha.
   Nate ajeitou seu boné e lançou a Pokébola no ar, liberando seu Geodude.
   - Conto com você, Gravel!
   Gravel, o Geodude, fez um sinal de positivo com a mão rochosa e voltou toda a atenção para a batalha.
   - Faça as honras - disse Falkner.
   - Ok! Gravel, utilize o Defense Curl!
   O Geodude juntou os braço e se encolheu, aumentando sua defesa. Embora Nate já conhecesse a importância dos ataques de status, era um treinador que preferia atacar, e Duke lhe deu uma boa lição sobre isso. "Movimento de status são tão importantes quanto os físicos. Às vezes, um ponto a mais de defesa ou ataque pode decidir o resultado da batalha", dissera ele.
   - Pidgey, Quick Attack!
   O Pokémon voador abriu as asas e avançou velozmente, porém seu ataque serviu apenas para dar um raspão da armadura pedregosa de Gravel. Seguindo ordens de seu treinador, o Pidgey avançou mais uma vez, mas o resultado foi o mesmo. Ele avançou mais uma vez.
   - Muito bem, Gravel. Rollout!
   Geodude permaneceu na forma de bola, mas agora ele girava e se jogava na direção do adversário.
   - Pidgey, esquive! - Ordenou Falkner.
   A ave teve tempo o suficiente para usar sua investida para mudar de curso, esquivando do ataque de Gravel. Porém, o Pokémon de Nate deu a volta e conseguiu ser mais rápido do que o Pidgey, o atingindo por trás. O pássaro sofreu o dobro do dano por ter desvantagem contra ataques do tipo rocha.
   - Sand Attack! - Gritou o líder.
   O Pidgey agitou as asas, criando uma ventania que levantou uma cortina de areia. Assim que Gravel foi atingido o Pokémon se sentiu mais pesado e lento devido à quantidade de areia grudada em seu corpo.
   - Quick Attack mais uma vez!
  Ele acertou o Pokémon do jovem treinador, mas não causou muito estrago.
  - Gust!
   De certa forma, Nate já esperava por aquilo. Gust era um ataque do tipo voador, então não adiantaria muito contra Geodude. É claro que Falkner sabia disso, então só podia ser uma distração. Por sorte, eles também tinham treinado isso. "Se você perder tempo se preocupando com ataques que não afetam seu Pokémon de forma alguma, poderá cair numa armadilha. Alguns treinadores habilidosos costumam fazer isso", ensinara Duke.
   - Segure-se, Gravel.
   O Geodude enterrou as mãos no chão e deixou a ventania atingi-lo, não sofrendo dano algum. Pidgey aproveitou que a ventania lhe dera mais velocidade e avançou com um Quick Attack ainda mais rápido. Ouvindo as ordens de seu treinador, Gravel ergueu um dos punhos e esperou que o Pidgey se aproximasse. Assim que o pássaro chegou o suficientemente perto de seu oponente levou um soco potente que o jogou no chão, dando a vitória à Nate.
   - Bela tática - admitiu Falkner. - Vai continuar com seu Geodude?
   - Não. Prometi para um amigo que a última batalha seria completamente dele.
   - Tudo bem, a escolha é sua.
   Falkner retornou o Pidgey e lançou seu segundo e último Pokémon: um Pidgeotto com ar elegante e concentrado, pronto para qualquer desafio. Diziam que os três Pokémons de Falkner eram irmãos. Ele treinou o primeiro Pidgey para se tornar seu companheiro mais forte, o Pidgeot. Quando o segundo Pidgey evoluiu para Pidgeotto, o jovem já tinha sido chamado para representar o primeiro ginásio de Johto, e teve de manter sua segunda ave em certo nível. Assim que o último Pidgey nasceu, Falkner lhe deu uma Everstone e o treinou até que pudesse enfrentar os treinadores iniciantes que iam ao ginásio de Violet City para conquistar sua primeira insígnia.
   - Está na hora, Leon - o rapaz de boné sussurrou para sua primeira Pokébola. - Esse será seu momento de glória!
   Ele liberou seu Cyndaquil. Leon parecia mais determinado do que nunca, como sempre animado para uma batalha, e pela primeira vez era possível ver brasas em suas manchas. Não era grande coisa, mas mostrava que ele estava seguindo os ensinamentos aprendidos no treino do dia anterior.
   "Primeira lição: deixe suas chamas queimarem dentro de si."
   Depois de tanto treino, Leon devia estar bem perto de aprender o Ember. Pelo menos era isso o que Nate esperava. O Cyndaquil treinou com Luther, o Growlithe de Duke, e depois com Ícaro, o Hoothoot de sua equipe. O Pokémon de fogo lhe mostrou movimentos de seu tipo enquanto o ruivo dava-lhe algumas instruções e táticas. Já o Pokémon voador lhe ensinara a ter paciência, a fortalecer seu psicológico. Ambos os treinos tiveram importância fundamental para o desenvolvimento de Leon.
   - Vamos lá, amigo. Nós podemos e vamos vencer!
   Leon grunhiu, ainda mais animado.
   - Ótimo, comece com Tackle!
   O inicial começou a batalha com uma investida. Sua velocidade aumentara desde seu último confronto, contra aquele inocente Rattata na Rota 30.
   - Pidgeotto, intercepte com Sand Attack!
   A onda de areia diminuiu a velocidade do Cyndaquil, contudo, ele continuou avançando e realizou o ataque, colidindo com o Pidgeotto.
   - Prossiga com o Smokescreen!
   Logo em seguida Leon soprou uma baforada de fumaça bem na cara de seu adversário, cobrindo toda arena com aquela cortina escura. Duke, Cris e Lyra, assim como todos os outros que assistiam à batalha, não conseguiam mais ver o que acontecia.
   "Segunda lição: crie uma armadilha, ganhe tempo para preparar o ataque."
   - Voe, Pidgeotto!
   A ave alçou voo, escapando da fumaça. O próximo comando de seu treinador foi procurar pelo Cyndaquil. Lá de cima, Pidgeotto se atentou a qualquer detalhe que indicasse a localização de seu oponente, até conseguir ver uma cor mais clara no meio da fumaça cinzenta. O voador avançou com grande velocidade. Contudo, ele colidiu com o chão, e o Cyndaquil aproveitou a brecha para atacá-lo.
   - Leon, Quick Attack!
   O Pokémon de fogo acertou seu adversário com uma investida veloz e eficaz, deixando Pidgeotto ainda mais atordoado.
   - Pidgeotto, use o Whirlwind para dissipar a fumaça!
   Ele agitou as asas, usando o vento para fazer aquela cortina cinzenta desaparecer e acabar de vez com o esconderijo de Leon. Agora o Pokémon de Nate não poderia mais se esconder na fumaça, mas aquilo já não era mais problema. Diante do garoto estava seu fiel companheiro Leon, as manchas em suas costas esquentavam cada vez mais, e as chamas eram cada vez mais visíveis.
   - É agora - murmurou Lyra. - Ele aprendeu...
   Cris bateu palmas.
   - É o resultado de seu treinamento, professor Duke!
   Por sua vez, o ruivo sorriu, orgulhoso.
   "Terceira lição..." 
   Leon abriu a boca, uma esfera flamejante se formava ali. Suas manchas expeliram chamas que mostravam toda a determinação, empolgação e força do Pokémon. Brasas formaram um anel ao seu redor, surpreendendo todos presentes ali e aqueles que assistiam à batalha. Falkner estava sem reação, não sabia que ordem dar ao seu Pidgeotto.
   "... Queime tudo."  
   - Leon - Nate estendeu o punho. -, Ember.
   

   O Cyndaquil lançou poderosas brasas em Pidgeotto, que não pôde desviar a tempo. A ave caiu no chão ferida, e Falkner a retornou para sua Pokébola.
   - Incrível.- O líder bateu palmas. - Impressionante! Exatamente o que eu esperava do aprendiz de Clair! Seu estrondoso Geodude e seu valente Cyndaquil fizeram um belo show.
   - Valeu, tio. Mas nós não fizemos isso sozinhos.
   Nate mostrou o sinal de positivo para Duke, que retribuiu com o mesmo gesto.
  - Vocês merecem essa insígnia, Nate. Merecem a Zephyr Badge.
  O rapaz sorriu, e o líder do ginásio de Violet entregou-lhe a insígnia, o parabenizando pela bela batalha.
 

   - Obrigado, Falkner.

   O líder riu de leve.

   - Vamos, não precisa se conter.

   O rapaz abriu um sorriso imenso, pegou Leon no colo e girou com ele.

   - Conseguimos, amigão! Conseguimos, conseguimos!!

  Do lado de fora, a platéia comemorava com Nate, gritando que seus Pokémons foram ótimos. Logo as paredes voltaram ao normal e eles voltaram para suas vidas cotidianas.

   - Estarei rezando para que os deuses do vento o abençoem nessa jornada! - Disse Falkner. - Sei que você consegue realizar seu sonho, garoto.

   Após a batalha de ginásio, os quatro jovens foram comer algo numa pequena e agradável lanchonete de Violet City para comemorar a vitória de Nate. Enquanto eles lanchavam e conversavam os dois Pokémons de Nate que participaram da batalha, assim como o Chikorita de Lyra, a Nidoran de Cris e o Totodile de Duke, se deliciavam com uma saborosa ração que Cristina trazia consigo. Gus, o Totodile, discutia com Leon enquanto Trevor, o Chikorita, tentava separá-los. Krystal, a Nidoran, parabenizava Gravel pelo bom trabalho em sua batalha contra o Pidgey. 

   - Parece que a Kystal e o Gravel estão se dando bem - observou Cris.

   - É, mas o Leon e o Gus... - Disse Nate.

   - Ainda bem que o Trevor está ali, senão esses dois já teriam quebrado tudo - comentou Lyra.

   - Aposto que, no fundo, Gus quer parabenizar o Leon - disse Duke.

   - Seria ótimo se ele realmente fizesse isso - disse Cris antes de dar mais uma mordida em seu sanduíche.

   - Acho que Leon sabe o que ele quer dizer - opinou Lyra. - Essa briga é puro orgulho.

   Lyra pensava que o Totodile dizia algo como "Você foi bem no ginásio, mas eu sou melhor!". Algo lhe dizia que Gus e Leon tinham uma amizade especial. Todas essas brigas podiam ser simples frutos do orgulho de cada um, porém, Trevor fazia um grande favor evitando que suas brigas evoluíssem para um nível perigoso.

   - Um brinde! - Cris se levantou e ergueu o copo de refrigerante. - Ao Nate, que será um grande treinador!

   Os outros se levantaram e brindaram. Nesse mesmo momento, o Chikorita perdeu o controle da situação e o Cyndaquil começou a correr atrás do Totodile, que esbarrou em Nate, que por sua vez derramou seu refrigerante em Duke.

   - Silver...

   - E-espera, a culpa não foi minha!! Foi seu Totodile que me empurrou! Calma, Duke, calma...

   O ruivo saiu correndo atrás do moreno que ria com a situação, esbarrando com algumas pessoas enquanto tentava fugir da ira do mais velho. Lyra e Cris continuaram na lanchonete, assistindo à confusão.

   - Faz um tempo que eu não vejo o Duke desse jeito - disse a azulada. - Sabe... Como uma criança de verdade.

   - O Nate é tão infantil que acaba despertando isso nele - riu Lyra. 

   Cris também deu risadas.

   - Eu acho que ele ainda serão bons amigos - apostou ela. 

   Sua amiga de infância apenas continuou a encará-la. Lyra não se esqueceria do dia anterior, em que fez um novo amigo e conheceu a história de como Duke e Cris se conheceram, além de ter estreitado ainda mais seus laços com o melhor amigo e seus Pokémons.

    - Volte aqui, sua gazela fujona!!

    - Vai ter que me pegar, cabelo rosa choque!! 

    É... Seria bem divertido viajar com aqueles dois.