sábado, 18 de janeiro de 2014

Capítulo 11


      A Union Cave estava interditada.
   Era só o que faltava... Só era possível chegar em Azalea Town através dela. Agora, uma faixa os impedia de atravessá-la, e um grupo de trabalhadores de obra pareciam discutir sobre o assunto. 
   – Com licença, senhor – chamou Nate. – Por quanto tempo a caverna vai ficar interditada? É que eu preciso chegar a Azalea para desafiar o líder de ginásio de lá...
   – Desculpe, garotão. É questão de segurança. A Union Cave está desabando.
   Duke deu um passo a frente.
   – O que aconteceu? – Ele perguntou.
   – Ninguém sabe. Ela simplesmente começou a se desfazer. É muito perigoso entrar lá.
   – Senhor!
   Um homem ia correndo até o supervisor da equipe para informar-lhe o que haviam descoberto. O grupo de jovens, que já se preparava para dar meia volta, parou para ouvir o que ele tinha a dizer.
   – Tem alguém lá dentro.
   – E vocês vão salvá-lo, certo? – Indagou Duke.
  O trabalhador balançou a cabeça em negação.
   – Não podemos fazer nada. Se entrarmos lá, iremos apenas arriscar nossas vidas. Mais pessoas morrerão.
   – Então vocês vão simplesmente deixá-lo morrer?!
  Eles baixaram as cabeças. Duke não podia deixar aquilo acontecer. A caverna estava desabando e uma pessoa continuava presa lá dentro, provavelmente ferida. Infelizmente, essa história lhe era muito familiar. Ele não podia deixar que aquilo acontecesse de novo.
   – Eu vou entrar.
   – Não! – Exclamou Cris, segurando seu braço. – É muito perigoso! Você pode ser esmagado!
   – Estamos tentando ser heróis, lembra? Eu não posso cumprir minha missão sabendo que deixei uma pessoa morrer, sendo que poderia tê-la salvado.
   – Mas...
   – Você devia entender, Cris. Eu não posso deixar isso acontecer de novo.
   A garota o soltou e alguém pôs a mão em seu ombro. Era Lyra.
   – Então, estamos nessa juntos.
   – Isso aí! – Disse Nate. – Vamos salvar esse cara! 
   Duke os olhou, agradecido. Os quatro já formavam um time com uma bela união. Se alguém fosse se arriscar ou passar por algum desafio, os outros o acompanhavam. Mal dava para acreditar que Duke tinha conhecido Nate e Lyra há tão pouco tempo e já confiava tanto neles.
   – E você, Cris? Também vem?
   A azulada hesitou, mas enfim abriu seu sorriso típico.
   – É claro que eu vou!
   – Vocês não vão a lugar algum! – Interrompeu o supervisor. – A caverna está desabando! Se entrarem lá, vão morrer, e ainda colocarão a culpa em nós!
   – Nós não vamos morrer – garantiu Duke.
  Aquilo soou tão confiante e determinado que o homem recuou. Relutante, ele abriu passagem para os jovens.
   – Sobrevivam.
   Ele só desejava isso para não ter que arcar com as consequência caso eles falhassem... Bem, não importava. Aqueles jovens que salvariam o mundo estavam indo salvar uma pessoa que desconheciam a identidade. Já era o primeiro passo.
   Assim que entraram, Nate ligou sua lanterna e segurou a mão de Lyra para que ela não ficasse com medo da escuridão da caverna, mas ela estava tão destinada a salvar aquele desconhecido que parecia ter se esquecido de seu medo. Cris caminhava ao lado de Duke na intenção de apoiá-lo. O ruivo podia parecer confiante sobre isso, mas no fundo estava morrendo de medo. Ele sabia que tinha chances de morrer ali e podia estar levando seus amigos para o mesmo caminho, por isso saber que tinha o apoio de Cris e dos outros era tranquilizador.
   – Ali!
   Lyra apontou para alguém caído do chão, não muito distante deles. Mesmo assim, era possível ver as pedrinhas caindo no chão, cada vez maiores. A terra tremia, quase derrubando o grupo. Os Pokémons encontrados na caverna procuravam desesperadamente a saída.
   Os jovens finalmente conseguiram se aproximar do ferido. Não conseguiam distinguir sua aparência devido à escuridão, a única coisa que conseguiram identificar foi seu cabelo loiro.
   – Você está bem? – Perguntou Nate.
   – Quem... Quem são vocês...?
   – Podemos deixar as apresentações pra depois – disse Duke. – Vamos tirá-lo daqui.
   Ele apoiou o braço do rapaz em seu ombro e segurou sua cintura para levantá-lo. O loiro o encarou e disse em tom de súplica:
   – Salve meus Pokémons... Um Sandslash e um Ursaring...
   – Nós vamos procurá-los – afirmou Lyra. – Certo, Cris?
   – Certo! Não se preocupem com a gente, nos encontramos no outro lado!
   Assim, as garotas se afastaram dos rapazes, em busca dos Pokémons do garoto desconhecido.
   – Tudo bem. Elas vão conseguir. Todos nós sairemos daqui – garantiu Duke.
   – Cara, eu fico meio preocupado... – Admitiu Nate.
   – Confie nelas.
   – Eu confio, mas...
   – Ninguém vai morrer aqui. Ninguém!
   De novo, não.
   – Vocês são uns malucos – brincou o estranho. – Bem, acho que sou tão maluco quanto... Ninguém mandou fazer uma exploração sozinho.
   – Exploração? Você é da equipe de exploração de Blackthorn? – Palpitou o moreno.
   – Você é bom. Sim, sou membro da equipe júnior de exploração...
   – Oliver?
   –... Nate?
   – Pessoal?
   Eles podiam botar o papo em dia depois. Agora estavam num caso de urgência. Pedras maiores começavam a cair e a terra tremia cada vez mais. Pior: nenhum sinal das garotas. Não podiam arriscar seus Pokémons os liberando para ajudá-los, e mesmo se o fizessem não sabiam como eles poderiam ser úteis naquela situação. O jeito era continuar andando o mais rápido que podiam.
   Então, uma pedra enorme despencou na direção deles.
   Nate viu e avisou os outros dois, que ficaram assustados demais para se moverem. Por sorte, uma grande serpente de pedra surgiu e ficou em cima deles, levando todo o impacto do pedregulho, e ainda assim parecia muito bem. Foi incrível como ela chegou no melhor momento possível.
   – Incrível... Um Onix!!
   – Fala, amigão! – Cumprimentou-o Oliver. - Bem na hora.
   – Esse Onix é seu?! – Nate se surpreendeu mais uma vez.
  – Sim. Ele costuma sair da Pokébola por vontade própria. Eu nunca fiquei tão feliz por isso!
   O Pokémon se abaixou para que os três subissem nele. Assim feito, se direcionou a saída rapidamente.
   – Espera! – Pediu Nate. – A Lyra e a Cris estão lá dentro!
  Não dava tempo para voltar. A terra tremeu mais ainda e a Union Cave simplesmente começou a “afundar”. O Onix levou os garotos para longe dali antes que alguma pedra os pegasse. Uma enorme cortina de poeira foi levantada, o chão rachou, e árvores foram derrubadas. Cidadãos de Azalea Town foram para a Rota 33 ver o que havia acontecido.
    – As meninas... – Nate quase perdeu o fôlego. – Elas...
    – Droga! A culpa é toda minha! – Lamentou-se Duke.
   Por sua vez, Oliver olhou ao redor a procura de algo. Seus Pokémons também estavam na caverna, mas ele não parecia muito alterado. Quando finalmente avistou o que procurava, cutucou os outros dois e apontou para lá.
    Um buraco se abria no chão, e dele saiu um Sandslash um pouco arranhado, mas sem ferimentos graves. Ele segurava um boné vermelho e branco, o qual entregou para Oliver. Logo depois o buraco se abriu um pouco mais um potente Ursaring saiu de lá, um pouco mais ferido que o Sandslash. Finalmente, Lyra e Cris saíram do buraco, sujas e com leves arranhões pelo corpo.
   Nate correu para abraçá-las bem forte. Duke acenou para Cris, mas o que realmente queria era ter a mesma atitude de Nate.
   – Calma, Nate, nós estamos bem! – Afirmou Lyra.
   – Dane-se! Eu pensei que tinha perdido vocês!
   – Eu também te amo, primo, mas você está nos sufocando!
   O rapaz as soltou, ainda com algumas lágrimas de emoção. Riu um pouco e se desculpou.
   – Vocês são demais! – Oliver correu para abraçar seus Pokémons.
   Agora era possível identificar Oliver. Além do cabelo loiro, ele tinha olhos avermelhados, pele clara. Vestia um colete azul com colarinho preto sobre uma camisa branca, bermuda verde, tênis azuis com detalhes vermelhos. Usava também uma gravata vermelha e agora estava com seu boné bicolor, e carregava uma bolsa vermelha e branca. Sua perna esquerda estava ferida, tanto que ele ainda mancava. Suas roupas estavam cobertas de poeira.



   – Oliver! – Chamou-o Nate. – Seu idiota! O que você estava fazendo lá sozinho?! Podia ter morrido! E ainda se separa de seus Pokémons?! O que deu em você?!
   Mesmo levando uma bronca, Oliver riu.
   – Há quanto tempo, Nate.
   Nate se calou e sorriu.
   – Já faz um tempo, seu maluco.
   – He... Senti saudades, anta.
   – Besta.
   – Mané.
   – Pateta.
   Eles pararam de zoar um ao outro depois de um tempo e começaram a rir.
   – Povo de Azalea! – Gritou Oliver. – Esses quatro amigos se arriscaram entrando na Union Cave mesmo sabendo que ela iria desabar! E fizeram isso apenas para salvar minha vida e a dos meus Pokémons! Eu não tenho palavras para descrever minha gratidão! Esses quatro são verdadeiros heróis!
   Os cidadãos aplaudiram, alguns chegaram a assoviar. Nate, Duke, Lyra e Cris ficaram lado a lado, sem graça. Aquele foi apenas o primeiro passo. Ainda tinham que salvar toda a humanidade. Se por salvar apenas uma pessoa e seus Pokémons já lhes dava tantas palmas, elogios e agradecimentos, e já os deixava tão felizes com eles mesmos, mal dava pra imaginar como seria quando salvassem o mundo. Mas eles não estavam fazendo aquilo pelas recompensas. Estavam fazendo aquilo para que as pessoas que amavam sobrevivessem, assim como as demais pessoas desconhecidas por eles espalhadas pelo mundo.
   – Isso é estranho – sussurrou Duke.
   – É mesmo – disse Nate no mesmo tom. – Mas é muito bom!
   – Não, não isso. A caverna desabou por nenhum motivo aparente.
   – Você quer dizer que... Já começou? – Perguntou Cris, também sussurrando.
   – Eu espero estar errado.
   – Eu também – Lyra entrou na conversa. – Se isso foi só o começo...
   – Então estamos completamente ferrados – completou Nate.
   – Eu ia dizer que devíamos nos apressar, senhor pessimista.
   – Hey, eu estava brincando! Nós vamos conseguir. Eu sei disso.
   Eles iam conseguir. Eles tinham que conseguir. Duke torcia por isso com todas as suas forças. Se fosse necessário, ele lideraria aquela missão. Pelo povo de Olivine, pela memória de seus pais, e, principalmente, por seus novos amigos. Sua nova família.

3 comentários:

  1. Mais um bom episódio, gostei deles destemido, arriscarem a vida para salvar um estranho qualquer, mostrando assim que são mesmo heróis, agora têm de evitar que mais coisas dessas voltem a acontecer.

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  2. "Me segura! que eu estou no chão!, eu estou no chão!" não vai ter tanta graça quando o vídeo que eu estava vendo, mas enfim, resumi o que eu estou sentindo, eu estou no chão com os dois grandes capítulos, eu sei que não comentei no anterior, mas por motivos pessoais, uma viagem, e agora que cheguei estou me atualizando de tudo. Enfim, amei os dois capítulos, melhores seria impossível :3
    Gostei muito do Oliver, e fala para a Cris parar de me confundir :'( uma hora eu a amo, outras eu odeio e.e ... e você sabe disso kkkkkkk
    Mas enfim, no próximo dou um super comentário, mas estou com uma pequena pressa :p ... até mais!, continue assim!

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  3. Isa-chan, gostei do capítulo!
    Duke me deixou intrigado com o passado dele, e com certeza teve uma bela atitude querendo salvar o Oliver, mesmo com todo o perigo em volta dele.
    Você também me deu um susto me fazendo pensar que a Lyra e a Cris tinham ficado na caverna!
    Mas você as libertou com o Sandslash do Oliver!
    Por falar nisso, esse Oliver parece ser do bem também, e espero que seja!
    Bem, estarei esperando pelo próximo Isa-chan!

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