domingo, 23 de fevereiro de 2014

Capítulo 13.5


   Algumas horas antes...
   Aquela casa parecia muito mais vazia desde que ele se fora.
 Apesar de ser a líder do ginásio da cidade, Clair nunca teve uma casa muito grande. Na verdade, não passava do padrão das outras casas de Blackthorn. Mesmo assim, ela sempre lhe pareceu muito vazia por morar sozinha... Então chegou Nate, e só sua presença mudou tudo. A casa parecia sempre cheia, mais bagunçada, mais alegre. Ele pode ter dado alguns problemas e estresse no início, mas com o passar do tempo, Nate se tornou um excelente aprendiz e um agradável companheiro de quarto.
   Era como se fosse realmente seu filho.
   Agora, vendo seu quarto desocupado e arrumado – o que era bem raro –, Clair sentiu um vazio que não pensava que sentiria quando Nate partisse. O combinado era três anos desde o começo, mas o tempo passou rápido demais. Só lhe restava esperar pelo dia em que seu aprendiz aparecesse para desafiá-la por uma batalha pela última insígnia. Quando esse dia chegasse, Clair sabia que sentiria mais orgulho ainda.
   – Vamos nos atrasar.
   Maldito Falkner... Sempre a assustando.
   – Sabia que tem uma campainha lá fora?
   – Sabia que dá pra trancar a porta?
   Clair suspirou.
   – Que seja. Já podemos ir – disse a moça.
   – Não é o quarto do Nate? – Perguntou Falkner.
   – Era o quarto dele – corrigiu-o Clair. – Agora é só um quarto vazio. Não tem nada demais.
   – Chefa, você não precisa bancar a durona sempre.
   – Eu não banco a durona. Eu sou assim.
   Ela saiu do quarto. Antes de segui-la, Falkner viu uma foto dela com Nate, com oito anos, em cima do criado-mudo.
   – É. Claro.
   Do lado de fora, Falkner liberou seu Pidgeot, e Clair, seu Dragonite. Os dois líderes montaram em seus respectivos Pokémons e voaram até o local da reunião dessa vez: Goldenrod.
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   – Clair! Falkner!
   Assim que os viu, uma moça de cabelos róseos acenou animadamente para os dois, ainda no céu. Clair e Falkner pousaram em frente ao ginásio local, e a rosada correu ao seu encontro.
   – Você tem sempre que fazer tanto barulho, Whitney?
   – Puxa, Falkner! Eu fechei o ginásio hoje só por vocês, e é assim que você retribui? Custa dar um sorrisinho?
   O rapaz levantou os braços em sinal de trégua e abriu um meio sorriso.
   – Feliz?
   – Isso não é nada, seu...
   Whitney foi interrompida por um barulho não muito longe dali, seguido de poeira e pedrinhas levantadas no impacto.  Aquilo foi causado por um rapaz de cabelos roxos, montado num Scyther.
   – Bugsy!!
   Whitney correu para dar um abraço apertado no especialista em insetos, que sorriu ao vê-la.
   – W-Whitney... Ar...
   – Hein? Ah! – Ela o soltou. – Desculpe!
   – Está tudo bem. – Bugsy acenou para os outros dois. – Olá!
   Os azulados também acenaram.
   Pouco depois, um homem loiro de com cachecol e faixa roxos chegou em alto estilo: carregado pela energia fantasmagórica de alguns Gastlys. Algumas garotas que passavam por ali gritaram quando ele pousou, como fãs ansiosas para conhecer seu ídolo.
   – Desculpe garotas, mas o Morty aqui está ocupado – disse o loiro, o próprio Morty. – Depois eu faço uma sessão de autógrafos, certinho?
   As garotas gritaram mais ainda antes de se afastarem.
   – Elas me amam! – Ele apontou para Falkner e Bugsy. – Vocês também foram recebidos assim? Eu acho que não!
   O líder de Violet afastou sua mão.
   – Eu não gosto de ser o centro das atenções – disse ele.
   –... E é um líder de ginásio? Uau, tu é meio contraditório – zombou Morty.
   Bugsy também afastou a mão do especialista em fantasmas.
   – Quando Falkner quer, ele pode fazer as garotas caírem aos seus pés.
   – Ah é. Às vezes eu esqueço que vocês eram amigos – disse o loiro.
   – Nós ainda somos amigos! Certo, Falkner?
   Porém, o mesmo nem olhou para Bugsy. O líder de Azalea baixou a cabeça.
   – O pessoal está atrasado – disse Falkner. – Clair, por que você não...
   Antes que pudesse terminar de falar,o rapaz foi atropelado por um homem grande, musculoso e sem camisa, acompanhado de um Poliwrath. Eles recuperaram o fôlego quando pararam de correr.
   – Ch-Chuck...
   – O quê? Falkner! – O líder de Cianwood o levantou com um puxão pelo braço. – É por isso que não se deve ficar no caminho de um tanque de guerra!
   O jovem suspirou.
   Não demorou muito para um Skarmory pousar ali, carregando uma moça de cabelos compridos e castanhos e um senhor de cabelos grisalhos. A moça retornou seu Pokémon à Pokébola e foi cumprimentar os outros.
   – Desculpe a demora! Pryce me pediu para buscá-lo em Mahogany, e como eu já estava um pouco atrasada...
   – Sinto muito. Meus Pokémons não são muito rápidos – disse Pryce. – Obrigado pela ajuda, Jasmine.
   – Não há de quê! Agora estamos todos aqui, certo?
   – Certo – respondeu Clair. – Já podemos começar.
   Assim, Whitney abriu a porta do ginásio e os oito líderes de Johto entraram.
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   Eles se sentaram à mesa da sala de reuniões do ginásio. Todos os ginásios tinham uma sala daquelas, pois seus encontros sempre mudavam de cidade, já que no Indigo Plateau apenas os membros da Elite 4 faziam reuniões. Quando a ocasião era muito importante, eles também convocavam os líderes.
   Como sempre, Clair sentou-se na cabeceira. Pryce se sentou à sua direita, e Jasmine, à sua esquerda. Ao lado de Pryce, Chuck; do outro lado, Morty. Ao seu lado ficava Whitney, que por sua vez estava de frente para Bugsy. Na outra ponta da mesa, estava Falkner. A organização era sempre a mesma.
   – Recentemente eu recebi um recado de Lance – começou Clair. – Parece que a Elite está ocupada demais no momento, então ele me mandou algumas informações sobre o que está acontecendo no momento.
   – Ele quer deixar todo o trabalho com a gente? – Reclamou Morty. – Qual é... No que eles estão ocupados, afinal?
   – Isso é sigiloso – respondeu a azulada. – Como eu dizia, Lance nos alertou sobre o Team Rocket. Segundo ele, eles capturaram um Pokémon Lendário, e agora estão caçando os Escolhidos.
   – Esse Lance... Não se cansa de dar uma de espião – comentou Whitney.
   – É essa coragem que o torna admirável – disse Jasmine.
   – Acho que devíamos falar sobre esses tais Escolhidos – disse Pryce. – Todos conhecemos Lance, mas não sabemos quem são essas pessoas.
   – Os Escolhidos são os portadores dos artefatos lendários, que provavelmente estão viajando por aí nesse exato momento – explicou Clair. – Não sabemos ao certo seu propósito, apenas que os artefatos os escolheram.
   – Esse papo tá me dando dor de cabeça... – Morty reclamou de novo.
   – A questão é: a pedido da Elite 4, devemos ficar atentos e achar eles. Quando acharmos, devemos protegê-los. E não será muito difícil achá-los.
   – Como você sabe disso? – Perguntou Bugsy.
  – Um dos portadores é Nate.
   Os líderes se espantaram.
   – Nate? Seu aprendiz? – Indagou Chuck. – Aquele pirralho é um Escolhido?!
   – Nate carrega a Silver Wing, mas é só isso que eu sei – afirmou Clair. – Quanto aos outros, provavelmente estão com ele. Falkner, ele já passou por você?
   – Já. Ele me desafiou há alguns dias. Acredito que já esteja em Azalea.
   – Ele estava com alguém? – Perguntou novamente a líder do oitavo ginásio.
   – Sim, de duas garotas e um rapaz. Uma das garotas tinha um chapelão branco, e a outra tinha um cabelo azul. O rapaz era ruivo. Mas eles podem ser tantos os outros Escolhidos quanto jovens treinadores comuns.
   – Entendo... Vamos ficar de olho em Nate. Bugsy, é com você. Quando Nate sair de Azalea, avise Whitney. Whitney, quando ele sair de Goldenrod, avise Morty, e por aí vai.
   – Entendido! – O especialista em insetos se levantou. – Prometo que ficarei de olho.
   – Ótimo. Ele deve estar te esperando para desafiá-lo. Volte assim que puder – disse Clair. – Dispensados.
    Com o término da reunião, Whitney levou Bugsy para tomar um café rápido e pôr o papo em dia. Chuck se ofereceu para acompanhar Jasmine até a saída da cidade, e ela topou. Morty perguntou se Pryce poderia usar seu Mamoswine para levá-los de volta a suas cidades, e o senhor aceitou, mesmo que demorasse um pouco mais. No fim, apenas Falkner e Clair permaneceram na sala.
   – Se você quer saber, Nate se saiu muito bem no meu ginásio – contou Falkner. – Ele tem uma bela sincronia com seus Pokémons. Garanto que não irá te decepcionar.
   Clair sorriu.
   – Tenho certeza que não.
   – Você o ensinou muito bem, Clair. Nate é o que eu chamaria de garoto prodígio. Deve ter orgulho dele.
   – Sim, eu tenho. 
   Ela sorriu para o nada por uns instantes, mas logo recuperou seu rosto sério.
   – Vamos voltar. Pode haver mais treinadores nos esperando para o desafio de ginásio.
   Falkner a observou. Ele sabia que aquela imagem de durona não colava desde que Nate passou a morar conquistou o coração dele. Clair o amava como se fosse sua mãe. Imaginar uma batalha entre eles era bem empolgante.
   – Beleza, chefa. – Ele a seguiu. – Você que manda.

Um comentário:

  1. Que capítulo show Isa-chan! *--*
    Lideres de Johto sempre me marcaram, e sempre os admirei. Gostei de vê-los em reunião.
    O que houve entre Falkner e Bugsy? Pensei em algo, mas acho que não é o que eu pensei. Espero que eles possam se reconciliar logo.
    Jasmine, sua presença é tão legal! *---*
    Espero que eles protejam os escolhidos e notem que os outros três também são portadores dos artefatos lendários.
    Bem Isa-chan, cada vez melhor e misteriosa sua história!
    Espero o próximo logo, não importa o quanto demore!

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